Dou graças a Deus pela oportunidade de aprender os rudimentos da fé em uma Igreja tão hospitaleira como a Assembléia de Deus. Não importa se no Rio Grande do Sul ou em Roraima a acolhida tem sempre o mesmo calor e a mesma prudência característicos da cultura da Igreja. Eu nasci e fui batizado na Igreja Deus é Amor, mas todo meu crescimento e formação são assembleianos, e lá se vão mais de 30 anos. Curiosamente nunca me identifiquei muito com o aspecto administrativo e político interno de suas Convenções, o que não quer dizer que não tenha acompanhado algumas de suas crises. Pois bem, direto ao ponto: é bastante provável que nos próximos dois, três anos, as lideranças tanto da CGADB quanto da CONAMAD venham nos brindar e alegrar com um estreitamento significativo de relacionamento. Sempre que os ventos das mudanças começam a soprar, surge eventualmente o embate entre conservadores e liberais, situação e oposição, jovens e velhas lideranças. Em tempos de um novo "shift" nas Assembléias de Deus, quero deixar registrada nossa opinião: não há mudanças sem crises, que é difícil controlar ou implementar uma mudança, mas tendo Paz com Deus em nossos corações, devemos seguir em frente, pois a vida é uma maravilhosa seqüência de mudanças. Quando Moisés voltou ao Egito, para fazer a mudança de Israel para Canaã, enfrentou problemas comuns a todas as mudanças. Ele iniciou um processo de mudança e ainda discipulou um sucessor para completá-lo. O que está no coração de Deus não pode ser impedido nem por conservadorismo nem por medo. O que Deus planejou e determinou não pode ser impedido nem por anjos, demônios ou homens.
ADs do Belenzinho-SP e Madureira-RJ
De repente posso sentir o "cheiro" de mudanças significativas à vista dentro das Assembléias de Deus. Lembro-me perfeitamente de janeiro de 1987, quando houve um afastamento unilateral entre os dois maiores ministérios - Missão e Madureira, na convenção da Bahia. Depois disso, o episódio acontecido na Casa Publicadora serviu para afastar ainda mais as duas Casas. Em 2011 a Igreja Evangélica Assembléia de Deus brasileira vai comemorar o Centenário do início das IEADs no Brasil pelas mãos de Deus e dos missionários pioneiros suecos - Daniel Berg e Günar Vingren. Em 2011, Por si só, este evento tem a magnitude de um furacão, suficiente para sacudir velhas diferenças e idiossincrasias. Como diz o Sábio em Eclesiastes: Há tempo para abraçar e deixar de abraçar. Cremos que chegou o tempo de abraçar.
Sobre uma coisa precisamos reflexionar: o "racha" de 1987 foi de Deus ou sua causa foi presunção humana? Posso interpretar isso por uma terceira via: considerando o fator TEMPO a presunção humana foi o fator principal, mas Deus estava no controle. Focando a questão ainda de mais perto, se nossas lideranças não conseguem andar juntas no mesmo caminho há um problema de comunhão, e sem comunhão, podemos até ganhar o mundo, mas a custa de um preço alto demais. É mais fácil quebrar a comunhão pelo rompimento de um diálogo do que mantê-la. Se as autoridades políticas, principalmente no Brasil, conseguem abandonar velhas diferenças em prol de um fim vantajoso, por ventura as nossas autoridades religiosas assembleianas seriam tão teimosas ao ponto de desperdiçar o futuro?
Moisés não tinha mais a mesma motivação para descer a terra do Egito para tirar Israel de lá. Ele já era maduro o suficiente para entender as dificuldades de um processo de mudança; tentou de todas as formas tirar o "corpo" fora. Entretanto era sábio o suficiente para obedecer à vontade do Senhor. Ou ele ia ou ia. As conversas com os anciões de Israel? Difíceis! A primeira audiência no palácio do Faraó? Frustrante! As medidas de retaliação posteriores de Faraó? Duríssimas! A reação dos anciões e oficiais de Israel? Duríssimas! O SENHOR já tinha até avisado. A saída de Israel do Egito em busca da terra de Canaã foi um processo longo, sem alternativas, pois era a vontade do Senhor. Os desobedientes, profanos, murmuradores, rebeldes, velhos (exceto Josué e Calebe) e covardes morreram no deserto, somente a nova geração de Israel pisou e herdou a terra que manava leite e mel.
Quase cem anos já se passaram desde que os missionários Berg e Vingrem fizeram aquela oração no banco de uma praça na cidade de Belém, a Capital do Estado do Pará. Uma oração que foi se cumprindo dia a dia. E outras orações foram sendo feitas e ouvidas, mas ainda algumas estão por si cumprir: entre elas tenho certeza que no coração de muitos ministros há um anseio de ver uma nova geração de líderes dos dois Ministérios - Madureira e Missão - dialogando, trabalhando juntos em um novo processo de mudança. Dois conselhos podem definir o destino desta mudança: 1. não temos nada a ganhar, pois bem assim está; 2. uma casa dividida não pode prevalecer sobre o inimigo. Aitofel e Itai.
Se por um lado as Assembléias de Deus são hospitaleiras e cresceram muito através de sua forma descentralizada através da simplicidade de obreiros laicos, também não está isenta de nossa crítica. O que posso fazer com isenção depois de 30 anos de "casa". Na ânsia de ter apenas liderados que balancem a cabeça afirmativa para tudo, as IEAD têm desperdiçado muitos talentos. Em alguns ministérios mais e em outros menos. Hoje temos milhares de ministros com diplomas graduação e doutoramento em Teologia, Mestres em Divindade, Doutores em Filosofia Cristã e outros títulos, mas isso não tem incrementado a taxa de crescimento de novos convertidos. E se dela retirarmos os nossos filhos o resultado é risível. Concordamos com a impureza do evangelho da prosperidade, o condenamos, mas nossos ministros o toleram excessivamente porque faz bem aos ouvidos do povo... Então neste particular de que serviu tanta profundidade em teologia?
Continuando com a crítica. As Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus cresceram evangelizando e separando ministros entre as classes mais pobres da nação. Está deixando de crescer agora, comparando com os 70 anos do século passado, porque está dando as costas para os mais pobres. Creio, que não existe maior fator de aumento de renda familiar nesta nação do que o Evangelho, pois não há miséria maior que a miséria espiritual. Um pecador pobre ao ser transportado do reino das trevas para o Reino da Luz pela ação e aceitação das palavras do Evangelho, deixará de ser pobre, mais dias menos dias, através da oração, pois agora terá um tratamento de filho de Deus. De volta ao assunto de "dar as costas" quanto à evangelização dos mais pobres da nação, não temos receio em dizer que se trata de uma omissão preconceituosa.
Se de fato a IEAD envidasse esforços maciços em projetos sérios e consistentes na evangelização dos brasileiros mais pobres, hoje não precisaríamos nos preocupar tanto com projetos e leis de escopo anticristão. É mais objetivo dobrar a quantidade de crentes no Brasil para que supram a nação de bons políticos, do que perder tempo em excesso com "Projeto Brasil" e outras "cositas mas" atrás de representação de "prata da casa" que pode decepcionar. Vide o Escândalo dos "Sanguessugas".
Insisto em dizer que é muito mais produtivo, tanto para a Igreja quanto para a vida pública, traçar planos de evangelização inteligente e maciça em meio às pessoas pobres de nossa nação. O Evangelho é o melhor remédio para a pobreza. Além de salvar, perdoar, curar, batizar com o Espírito Santo, filiação no Livro da Vida e dar direito a vida eterna, o evangelho enriquece os pobres, pois, via de regra, onde mora Jesus cumprem-se as promessas do Salmo 23.
De volta ao leito do texto. Por convicção não podemos ter medo de mudanças, apenas precisamos orar para que a presença do Senhor não nos abandone. A cotação do Dólar arranhou a taxa de R$4,00, por ocasião da eleição do Presidente Lula. O Bispo Macedo chegou mesmo a comparar o partido do Presidente com o diabo. A nação melhorou, e mesmo não sendo eleitor do Presidente, digo que ele tem feito um governo seguro, equilibrado e próspero; o Bispo da Universal tomou juízo, gostou tanto, que se tornou até seu aliado político. De certa forma acertou, quando não fiou preso ao preconceito. Quando assisti hoje pela manhã o programa do Pastor Silas Malafaia, em seu novo formato de três horas na REDE TV, percebi que os ventos da mudança já sopram com mais força.
Pessoalmente não aprovo em 100% a forma dura do Pastor Silas Malafaia ao tratar com excessiva paixão assuntos internos e até externos que envolvem irmãos, cantores, bandas, revistas, mas que ele tem dido um instrumento de entalpia neste processo com certeza tem. Vejo com bons olhos e razoabilidade uma aproximação seguida de comunhão entre os dois maiores Ministérios das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus do Brasil. Sinto paz nisso.
Em nossa visão posso ver uma AD unida trabalhando em grandes projetos de evangelismo e assistencia social pelo Brasil. Palavras e ações, fé e obras. A Igreja ganhará com isso o respeito de seus milhões de membros, além de dar um tremendo exemplo em união em tempos de tanta divisão. Hoje há uma grande preocupação mundial quanto a escassez de energia, alimentos e água. Sem estas três coisas o mundo físico não caminha. Se houver a mesma preocupação Entre CGADB e CONAMAD em abandonar suas picuinhas e estreitar sua comunhão, uma nova oração no banco da praça de Belém poderá ser feita, agora não mais por dois homens mas por dois Ministérios. Se Berg e Vingren ainda estivessem conosco, não pensariam de outra forma. Esta união é de Deus.
Se a alma e o coração destes dois Ministéiros forem um, eu espero que sim, quando a segunda oração do banco da praça de Belém do Pará for feita, O SENHOR vai ouvi-la e também fornecerá o combustível necessário para os corações das novas gerações de assembleianos saciarem com o Evangelho a sede das almas dos brasileiros até 2111. Se até lá Jesus ainda não tiver voltado.
João Cruzué - Blog Olhar Cristão
SP - 02.ago.2008
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Um comentário:
gostei muito do comentario crusué espero que Deus trabalhe noscoraçoes dessses lideres pra que haja uniao entre conamad e cgadb,sou ev da conamad mais oro muito por uma uniao.
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