sábado, 27 de março de 2010

A Páscoa de Isabella

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João Cruzué

Na semana da Páscoa de 2009, eu estava trabalhando (de novo) no Centro de São Paulo. Desta vez próximo à Praça da República, região "anexada" à Cracolânda. E foi ali, que presenciei um grupo de 15 a 20 garotos, como um enxame, desesperados, esfomeados, não por comida, mas pelo crack. Eu não precisava olhar nem perguntar, pois meu espírito sentia a presença opressiva do mal. De volta a 2010, a quase uma semana da Páscoa, estamos de novo diante de um fato também ruim, ou seja, a poucos dias do desfecho do julgamento do casal Nardoni. Eles são suspeitos de ter assassinado a filha/enteada. A falta de amor em algum momento está ligada a estes dois episódios - tristíssimos. Páscoa é um tempo muito apropriado para refletir, pensar com mais carinho na família. Páscoa é a celebração do amor de Cristo.

Na Páscoa de 2009 eu sofria o impacto da mensagem silenciosa da miséria de dezenas de grupos de moradores de rua, os "habitantes" da região da cracolândia. Do "seu" Mário, o economista cuja "casa" era uma bancada de cimento no jardim, na saída do Metrô República. Seu Mário sumiu de repente. Uma vez morador de rua, sempre na rua, a menos que Deus intervenha. Por que tanta gente vem perdendo vínculos com a família, não somente em São Paulo, mas todas as grandes e médias cidades do Brasil, para "morar" sob as marquises dos prédios ou no sereno das praças? Mas voltemos ao contexto.

Daqui a poucos dias vai ser Domingo de Páscoa - 04 de abril de 2010. E não há outro assunto que esteja tirando tanto o sossego das família brasileiras, quanto o julgamento do pai e da madrasta da menina Isabela, suspeitos de seu assassinato.

Se eles eventualmente são culpados, a frieza com a qual vêm se comportando - choca. Ela passa a impressão de que Isabella não era nada. Será que esse pai e esta madrasta vieram de uma cultura familiar onde o amor era desconhecido? O julgamento desse caso perturba as pessoas. Assistimos a um processo difícil de compreender: é como se a defesa e os réus quisessem passar a seguinte mensagem: "A única culpada nesta história foi a menina Isabella.


Eu até compreenderia que na maioria dos lares há discussões, divergências, e até alguma perda de controle por poucos momentos. Todavia, uma família vivendo sob uma cultura plena da violência, inversão de valores, apologias à Lei de Gerson - em quaisquer circunstâncias - é assustador. É muito assustador que alguém agarre o pescoço de uma criança, a esgane até matar, e que o cônjuge atire pela janela para completar o "serviço". Não se trata de dedução minha, são revelações do legista. E mais assustador ainda é ver a frieza, a esperteza aparente e o desejo de salvarem-se todos.

É um caso que mexe fundo com as emoções da família brasileira.

Na semana da Páscoa de 2010, todos nós seremos impactados pelo veredito juri e pela sentença do Magistrado que preside o tribunal, do caso Isabella Nardoni. Não importa se os réus ficarão livres ou se sofrerem uma pena de 30 anos.

Este caso mostra a ponta de um iceberg, de um mal que a sociedade brasileira ainda não sabe lidar: As consequências da inversão dos valores. Quando todos buscam levar vantagem em tudo, em algum tempo a conta começa a ser paga. E começa pelas crianças.


A primeira vítima da inversão de valores é a família. Assim com um morador de rua não consegue mais voltar para sua casa, a família que profana os reais valores cristãos, chamando o bem de mal e o mal de bem derruba os muros da dimensão espiritual. É uma visão muito comum ver portões altos, cercas elétricas e grades em janelas nas moradias das médias e grandes cidades brasileiras. A busca pela segurança. Paradoxalmente, na área espiritual está acontecendo o inverso: a sociedade brasileira está pondo abaixo os muros da decência, os portões da honestidade, as cercas da honradez, e as trancas da verdade.

Não temos olhos para ver os protagonistas do reino espiritual. Pela fé na palavra de Deus eu sei que há dois reinos lá fora: o reino das trevas e o Reino de Deus. A família que deita por terra os reais valores cristãos, fica à mercê das hostes espirituais da maldade. Sem temor de Deus, não há família que permaneça de pé. Deus é nossa única segurança, tábua de salvação, resistência eficaz contra o poder das trevas.

Pais estão espancando e matando filhos; filhos estão odiando e matando pais. Os moradores de rua estão se multiplicando. Os crimes hediondos não estão mais nos assustando. Até famílias cristãs lutam desesperadamente para recuperar entes queridos que estão sendo arrastados pelas correntezas das drogas.

O que é isto? O que está acontecendo em nosso meio?

As famílias estão sendo abandonadas por Deus, porque, primeiro, se esqueceram Dele. Desprezaram a sua palavra. Com poucas exceções, não há quem busque a Deus. Não há quem respeite os mandamentos de Deus, não há quem se interesse por Deus. O pecado parece uma flor de agradável aspecto e admirável perfume - o bastante para camuflar um espinho venenoso que perfura o coração e entristece a alma.

Páscoa quer dizer passagem. O anjo destruidor passando sobre a terra do Egito por volta de 1455 aC. Ele passava por sobre as casas que tinham o sangue do cordeiro marcado nas portas, sem matar o primogênito da família. Mas se alguém saísse porta afora naquela noite, também morreria. Páscoa fala da segurança do lar, da união da família. Também mostra que há perigos fora da porta.

O que dizer de uma sociedade que em tempos de Páscoa lembra-se mais de ovos de chocolate do que do protagonista cruxificado na cruz do Cálvário? É uma sociedade que decidiu eliminar Deus do cotidiano. Os abalos sofridos com os casos Suzane, Isabella, Eloá, Rua Cuba e tantos outros, que infelizmente vão acontecer.

Quero terminar minha reflexão sobre a Páscoa de 2010 com uma advertência baseada no Salmo 46: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia." Sem Deus, não há proteção alguma para nossa família. Não basta ser religioso, não basta ir todo dia na Igreja - é preciso iniciar uma conversa íntima com Cristo, que evolua até um diálogo, e daí até uma comunhão profunda. É preciso um interesse pela Bíblia - a palavra escrita onde se aprende a vontade de Deus.

É preciso separar um tempo em nosso cotidiano para estar diante da presença de Deus. E por Deus, quero dizer Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que depois de sua morte e ressurreição recebeu do Pai todo o poder e glória sobre tudo.


Convide Jesus nesta Páscoa para fazer morada no seu coração. Ovos de chocolate são de fato muito gostosos, mas quando vem o calor eles se derretem. O sacrifício de Jesus é eterno.

A família de Isabella nunca conheceu Jesus. Só ovos de chocolate. Uma pessoa sem Deus, e sob influência das trevas PODE cometer desgraças muito maiores do que a sofrida por Isabella.
Quando o futuro da sua família está em jogo, não brinque com o mal. Esteja atento à inversão de valores.

Páscoa não é coelho nem ovos de chocolate. Páscoa é a presença de Cristo no lar. Quantas crianças sabem disso?

Está é a mensagem do caso Isabella de Oliveira Nardoni,
por ocasião desta Páscoa, para mim: É preciso ter a presença de Deus dentro de casa. É preciso cuidar da vida espiritual dos filhos, para que eles aprenda a defender a vida. Dinheiro, anel e ovos de chocolate não são suficientes para transmitir um bom caráter a um filho(a). É preciso praticar o amor de Deus no lar, com gestos e atitudes cristãos. Isabella morreu porque sua família não tinha em casa o amor de Cristo para dar. Apenas ovos de chocolate, infelizmente, como tantas outras.


Um comentário:

Ribeiro disse...

Tudo acontece para que o nome do Senhor seja louvado.